Criadores

Criadores

quarta-feira, 3 de março de 2010

Pode ser real ?!?!

Lembro disso tudo até hoje.
Corri para o espelho.
Beijei minha boca.
Sussurrei: loira, loirinha, vem cá...
Meus amigos morriam de rir.
Fizeram igual.
Depois, todos nós demos três descargas.
Ríamos tanto que a barriga dia.
Depois demos os três pulinhos.
Foi nisso que apareceu o diretor.
Resultado: suspensão para todos nós.
Na volta para casa, meus amigos estavam muitos bravos comigo.
De repente, eu vi. Uma loira linda. Atravessando a rua.
- A loira! – gritei.
- Você está louco? Essa loira é gente, não é fantasma coisa nenhuma! – o João falou
Do outro lado da calçada, a loira caminhava, sorria e acenava de longe. Quase desmaiei. Só não desmaiei porque apareceu outra loira. É isso mesmo. Eu ia gritar, mas daí surgiu a última loira. Idêntica. Loiras trigêmeas. Uma para cada um de nós.
Bom, atravessamos a rua feito loucos. As loiras nos acenavam do outro lado. Nem vimos os carros, nem ouvimos a buzina, nem o ruído do breque.
Quando acordamos, estávamos no hospital. Uma maca ao lado da outra. Todos nós machucados, braços, perna na tipóia.
De repente, Betão estendeu a mão para o espelho do quarto do hospital e gritou assim:
- Olha lá as loiras!
Eu olhei. Antes não tivesse olhado.
As trigêmeas. Lindas. Idênticas. Uma para cada um de nós.
Sabe onde?
Dentro do espelho.
Acenando adeus. Rindo.
Desmaiamos outra vez.
É por isso que nunca vamos ao banheiro sozinhos, de jeito nenhum. E se ela aparecer?

Quando o menino acabou sua história, levantou-se e foi embora rapidamente.
Fiquei pensando, essa história dava um bom conto de terror, a garotada inventa cada coisa para acabar com o tédio... Loira do Banheiro!
Mas, naquela noite, sonhei com lindas loiras fantasmagóricas, dançando nos reflexos dos espelhos, na tela da televisão...
Acordei pensando que aquilo já estava virando um exagero. Afinal, era só um desses casos malucos, bobagem de criança.
Acontece que, daquele dia em diante, cada vez que entro no banheiro de uma escola, lembro-me da Loira Fantasma.
Confesso que, ao longo do tempo, encontrei várias outras crianças assustadas com essa mesma assombração. Parece epidemia. Um medo que contagia. É, porque aos poucos, vou ser sincero, eu também comecei a sentir medo. Mesmo sendo um adulto, mesmo conhecendo tantas histórias e tantos filmes de terror, há dias em que entro no banheiro bem rápido, lavo as mãos sem olhar para o espelho e, quando fecho a porta, respiro bem aliviado.
E se for tudo verdade?
E se os fantasmas existirem?
Como é que ficam os vivos?
Uma coisa eu sei.
Depois da Loira, todas as outras histórias viraram bobagem, invenção de escritor.



fonte: http://casadashistorias.blogspot.com/2009/01/loira-do-banheiro.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails